Francis Ford Coppola foi o primeiro cineasta americano formado em Cinema por uma universidade a obter sucesso artístico e comercial. Esse feito inspirou toda uma nova geração de diretores que revolucionou Hollywood a partir dos anos 1970. Coppola dirigiu para os grandes estúdios e montou também sua própria produtora, a Zoetrope. Ao longo de sua carreira ganhou dinheiro e prêmios quase que na mesma proporção que os perdeu. Felizmente, seu saldo artístico sempre foi mais positivo que negativo. Depois de um hiato de aproximadamente dez anos sem filmar, ele realizou Velha Juventude, um filme pequeno, porém, sem muito brilho. Em 2009, ele dirige Tetro na Argentina. E reencontra a genialidade do passado. Inspirado pelo poema Fausta, de Mauricio Kartun, o próprio Coppola escreveu o roteiro que conta a história do ingênuo Bennie (Alden Ehrenreich), que chega a Buenos Aires para se encontrar com o irmão mais velho, Tetro (Vincent Gallo). Os irmãos não se viam há mais de dez anos e Bennie se depara com um Tetro bem diferente daquele que ele conhecia. Coppola faz aqui um fabuloso exercício metalinguístico misturando várias formas de narrativas para contar sua história. Belissimamente fotografado em preto e branco por Mihai Malaimare Jr, Tetro é carregado de uma melancolia tocante e possui um forte caráter autobiográfico. O filme revela um diretor que procura, através de sua arte, fazer as pazes com seu próprio passado e com seu próprio irmão. Uma pequena obra-prima de um grande mestre.