Em 1996, o cinema brasileiro estava no início do movimento que se convencionou chamar de “retomada”. Nesse contexto histórico, os cineastas Walter Salles Jr. e Daniela Thomas, decidiram voltar um pouco no tempo para contar uma história situada no ano de 1990. O roteiro de Terra Estrangeira, escrito pelos diretores junto com Marcos Bernstein e Millor Fernandes, retrata uma situação enfrentada por muitos brasileiros quando do anúncio do plano Collor, aquele que confiscou dinheiro das contas correntes e das poupanças. A falta de perspectiva fez com que muitos jovens fossem embora do país. Paco (Fernando Alves Pinto) viaja para Portugal levando uma encomenda suspeita. Em Lisboa, ele conhece Alex (Fernanda Torres) e a vida de ambos toma um novo rumo. Walter Salles disse ter se inspirado para criar essa história quando viu um velho navio encalhado no litoral português. Essa imagem possui uma carga simbólica muito forte e os diretores tiram proveito no filme. Terra Estrangeira é poético e romântico, mas, também, tem os pés bem firmes no chão. A opção por rodar o filme em preto e branco reforça ainda mais essas características. No final, somos confrontados com a dura realidade vivida por Paco e Alex. No entanto, a maneira original com que a história é contada nos envolve por completo.