Normalmente, quando se fala em cinema japonês, a primeira associação que fazemos é com samurais, artes marciais, dramas intimistas ou terror. Comédia é a única das conexões que não costumamos fazer. Mas, existem comédias no Japão e Tampopo – Os Brutos Também Comem Spaghetti é uma das melhores do gênero. Escrito e dirigido por Juzo Itami, o filme conta a história de uma viúva, Tampopo (Nobuko Miyamoto), que é dona de um restaurante de massas. Mas, além dessa trama central, Itami traz como complemento uma série de subtramas que enriquecem sobremaneira o prato principal. Divertido e crítico ao mesmo tempo, Tampopo mostra com clareza que a comida é algo importantíssimo para a cultura de um país. A câmara do diretor não perde um ângulo sequer e destaca todo o ritual de preparação dos pratos que são servidos no filme. E não se limita apenas a isso. Estabelece também vínculo sensoriais e emocionais entre os alimentos e suas personagens. O que termina por criar em nós, espectadores, um efeito duplo devastador. Primeiro, vem a identificação com as situações que são mostradas. Depois, uma fome quase incontrolável por conta das refeições que vemos em cena. Convém reforçar o estoque de miojo na cozinha.