Tabu, dirigido pelo cineasta português Miguel Gomes, em 2012, é um filme que permite múltiplas leituras e dialoga, diretamente, com a obra de mesmo título, realizada pelo alemão F.W. Murnau, em 1931. Mas a obra vai bem além disso. Escrito pelo próprio diretor, em parceria com Mariana Ricardo, conta a história de Aurora (Laura Sandoval). A narrativa nos conduz por uma trama de amor e crime que acontece em uma África recheada de referências cinematográficas. Aparece então a jovem Aurora (cujo nome remete à principal obra de Murnau) e seu romance com o aventureiro Gian-Luca Ventura (Carloto Cotta). Gomes, que se formou pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, trabalhou primeiro como crítico de cinema e depois, passou a dirigir curtas e longas. Tabu é seu terceiro longa. Dividido em quatro partes: prólogo, parte 1 (paraíso perdido), parte 2 (paraíso) e epílogo, o filme tem uma estrutura que provoca, em um primeiro momento, estranhamento. E depois, uma sensação de desorientação. A bela fotografia em preto e branco de Rui Poças reforça sobremaneira a proposta apresentada por Gomes. A narração, feita pelo diretor, nos remete, inicialmente, ao que parece ser um documentário. Depois, nos leva por caminhos e gêneros diversos. Gomes “brinca” conosco e “bagunça” com nossos referenciais. E é justamente essa desorientação que torna Tabu um filme singular, original e que merece ser descoberto.
TABU (Tabu – Portugal 2012). Direção: Miguel Gomes. Elenco: Carloto Cotta, Ana Moreira, Teresa Madruga, Henrique Espírito Santo, Laura Sandoval, Isabel Muñoz Cardoso e Telmo Churro. Duração: 118 minutos. Distribuição: Espaço Filmes.
Uma resposta
Estou por demais curioso em assistir este filme.