Sempre que se tenta contar uma história que envolve um grande elenco, na maioria dos casos, as coisas fogem do controle. Quando, além disso, temos que acompanhar a trama em duas épocas distintas, quase sempre estamos diante de um filme dividido em dois. E se isso acontece, é comum que uma das partes se sobressaia em relação à outra. Este é mais ou menos o caso do filme Sleepers: A Vingança Adormecida, de Barry Levinson. O roteiro, dele próprio, é uma adaptação do livro autobiográfico de Lorenzo Carcaterra e conta o drama vivido por quatro amigos de infância. Quando crianças, eles tornam-se vítimas de um erro judicial e são encaminhados para um reformatório. Lá, nas mãos de guardas sádicos, sofrem agressões e abusos sexuais. A história então salta 15 anos e agora adultos, o destino oferece uma oportunidade de ser feita justiça. A partir daí, Sleepers muda de foco e se transforma em um filme de julgamento convencional. Era de se esperar que o elenco estelar, que mistura atores de diferentes gerações, resultasse em algo pouco funcional. No entanto, Levinson consegue “domar” muito bem possíveis arroubos de ego. Não se trata de um filme perfeito. Afinal, há várias pontas que ficam soltas e outras que são mal amarradas. Mas, o resultado final é satisfatório e catártico.
SLEEPERS: A VINGANÇA ADORMECIDA (Sleepers – EUA 1996). Direção: Barry Levinson. Elenco: Kevin Bacon, Robert De Niro, Dustin Hoffman, Jason Patric, Brad Pitt, Bruno Kirby, Brad Renfro, Minnie Driver, Vittorio Gassman, Billy Crudup, Ron Eldard e Jeffrey Donovan. Duração: 147 minutos. Distribuição: Buena Vista.
