A Inquisição Espanhola, também conhecida como Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, foi responsável segundo alguns estudos pela condenação e morte de quase 40 mil pessoas na Espanha e em suas colônias em um dos períodos mais tristes e violentos da perseguição religiosa. O filme argentino Silenciadas, de Pedro Agüero, feito em 2020 a partir de um roteiro do próprio diretor, escrito com Katell Guillou, nos leva ao País Basco, no ano de 1609. É lá que um grupo de meninas é preso sob a acusação de promover rituais de bruxaria. Tem início aí um longo julgamento marcado por torturas físicas e pressões psicológicas. Fica bastante evidente desde o início a inocência daquelas jovens e todo o empenho dos padres julgadores em justificar as causas de seus temores mais íntimos. A literatura, o teatro, o cinema e a televisão são ricos em relatar histórias de abuso como a que vemos em Silenciadas. Nesse ponto específico, não há novidade alguma aqui. A não ser a sensação de revolta que situações como as mostradas no filme costumam provocar em quem tem um mínimo de humanidade. E essa revolta fica maior ainda por ser perpetrada por pessoas que se apresentam como “homens de Deus”. Infelizmente, mesmo passados quatro séculos, ainda vemos esse tipo de gente arrotar suas “verdades inquestionáveis”.
SILENCIADAS (Akelarre – Espanha/França/Argentina 2020). Direção: Pedro Agüero. Elenco: Amaia Aberasturi, Alex Brendemühl, Daniel Fanego, Garazi Urkola, Yune Nogueiras, Jone Laspiur, Irati Saez de Urabain, Lorea Ibarra, Asier Oruesagasti e Elena Uriz. Duração: 92 minutos. Distribuição: Netflix.