O que poderia sair da união do escritor francês Jean Genet com o cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder? O primeiro escreveu o romance Querelle de Brest. E o segundo o adaptou para o cinema. Último filme de Fassbinder, que veio a falecer poucos meses de concluídas as filmagens, Querelle, se não for sua obra-prima, é seguramente seu mais perfeito trabalho como diretor. Além de reunir muitas das características que marcaram a extensa obra deste genial artista que morreu precocemente aos 37 anos. Nada é natural ou espontâneo aqui. Tudo foi milimetricamente pensado. Teatralmente pensado. As cores, os cenários, os figurinos, a atuação do elenco. Fassbinder abusa do artificial para contar a história do marinheiro Querelle (Brad Davis), na cidade portuária de Brest. Um homem completamente amoral que vive para satisfazer seus desejos e realizar seus crimes. Em muitos aspectos, Fassbinder e Genet são idênticos. Seja na homossexualidade assumida desde cedo, seja na forma como enfrentaram a sociedade da época. Para eles, nunca houve meio termo. Querelle é um filme forte, incômodo, transgressor e criativo. E extremamente coerente com a visão de mundo de seus criadores.
QUERELLE (Querelle – Alemanha 1982). Direção: Rainer Werner Fassbinder. Elenco: Brad Davis, Jeanne Moreau, Franco Nero e Günther Kaufmann. Duração: 109 minutos. Distribuição: Versátil/Cultura.
Uma resposta
Faço das palavras do Marden, as minhas: “é um filme forte, incômodo, transgressor e criativo”. Acrescento apenas: imperdível.