Muitos filmes e documentários foram feitos no Brasil tendo o período da ditadura militar como foco principal ou “pano de fundo”. Quase Dois Irmãos, dirigido por Lúcia Murat, se enquadra no segundo grupo e vai além. O roteiro, escrito pela diretora em parceria com Paulo Lins, autor do livro que deu origem ao filme Cidade de Deus, é ambicioso ao cobrir cerca de 50 anos da história recente do país. O filme se desenvolve em três “tempos”, tendo como personagens principais Miguel (Brunno Abrahão) e Jorginho (Pablo Ricardo Belo). Os dois se conhecem desde criança. Seus pais eram amigos de roda de samba. Eles se reencontram presos no início dos anos 1970. Miguel (Caco Ciocler) por questões políticas. Jorginho (Flávio Bauraqui) por alguns assaltos. No presente, Miguel (Werner Schünemman) é deputado federal e seu amigo de infância e de prisão, Jorginho (Antonio Pompeu) é um dos líderes do Comando Vermelho. Lúcia Murat fez parte do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro). Esteve presa pelos militares durante mais de três anos. Foi torturada. Quase Dois Irmãos talvez funcionasse melhor se tivesse se concentrado exclusivamente no período do meio, que mostra Miguel e Jorginho presos em Ilha Grande. É aí que está a essência do filme. O saldo final é honesto, tem mais acertos que erros e deixa claro que nem sempre é possível abarcar tudo de uma vez.
QUASE DOIS IRMÃOS (Brasil 2004). Direção: Lúcia Murat. Elenco: Caco Ciocler, Flávio Bauraqui, Werner Schünemann, Antonio Pompeu, Maria Flor, Marieta Severo, Luis Melodia, Fernando Alves Pinto e Babu Santana. Duração: 102 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.
Uma resposta
A história desse filme é fantástica mas o longa não me envolveu. Seja pelas atrizes que representam as mesmas pessoas e tem uma fisionomia completamente diferente ao longo dos períodos, ou pela cara meio teatral do início do filme. A parte mais interessante foi a do presídio, e só.
Abs,