Filho de mãe brasileira e pai argelino, o cearense Karim Aïnouz é um dos mais criativos diretores da nova geração de cineastas nacionais. Dono de uma filmografia marcadamente autoral, onde se destacam Madame Satã e O Céu de Suely, Aïnouz também tem escrito e produzido bastante. Atualmente residindo em Berlim, desta distância de sua Fortaleza natal veio a ideia para este Praia do Futuro. O roteiro, do próprio diretor, junto com Felipe Bragança, tem como ponto central a forte amizade entre os irmãos Donato (Wagner Moura) e Ayrton (Sávio Ygor Ramos). O primeiro trabalha como salva-vidas e é o grande herói do caçula. Certo dia, um acontecimento inesperado muda por completo a vida de Donato e faz com que ele abandone tudo e todos. Ele vá morar na Alemanha e inicia um relacionamento com Konrad (Clemens Schick). Anos mais tarde, Ayrton, agora vivido pelo ator Jesuíta Barbosa, vai atrás do irmão. Praia do Futuro não é um filme de certezas. Mas é carregado de redenção e esperança. É isso que Donato foi buscar fora do país e é isso também que move seu irmão. Aïnouz desenvolve com vigor a relação entre as personagens de Moura e Barbosa. E resume em uma cena emblemática, a do reencontro em Berlim, um emaranhado de sentimentos que não têm como ser verbalizados. A solução encontrada pelo diretor não poderia ser mais acertada. Bem como a cena final, que compõe uma rima visual com a primeira. Ambas em frente ao mar, porém, a partir de perspectivas diferentes.