O cineasta japonês Teinosuke Kinugasa começou sua carreira em 1917 trabalhando como ator e fazendo papéis femininos, uma vez que as mulheres não podiam atuar. A estréia como diretor aconteceu em 1922 e até o início da segunda metade dos anos 1960, Kinugasa dirigiu mais de cem filmes. Ele é um dos grandes pioneiros do cinema nipônico e sua obra mais conhecida é este Portal do Inferno, de 1953. O roteiro, do próprio diretor, junto com Masaichi Nagata, foi adaptado de uma peça escrita por Kan Kikuchi. A história se passa no Japão feudal, no ano de 1159. Durante uma rebelião, Lady Kesa (Machiko Kyo), se faz passar pela irmã do imperador e quase morre. Ela é salva por Moritoh Enda (Kazuo Hasegawa), um samurai que se apaixona por ela e pede como recompensa o direito de se casar com ela. O problema é que Kesa já é casada. Kinugasa carrega, literalmente, nas tintas, principalmente com o auxílio da estupenda fotografia de Kohei Sugiyama, que realça ainda mais o clima trágico da história. Portal do Inferno é um clássico incontestável e, dentre os muitos prêmios que ganhou, se destacam a Palma de Ouro, no Festival de Cannes e dois Oscar, de melhor filme estrangeiro e de melhor figurino.