O escocês Arthur Conan Doyle criou Sherlock Holmes, o mais famoso detetive da literatura, na segunda metade do século XIX. Ao longo de 40 anos, entre 1887 e 1927, foram publicados quatros romances e 56 contos. O impacto cultural foi tão forte que influenciou todos os detetives criados depois dele e virou até um adjetivo. O humorista e diretor de teatro brasileiro Jô Soares, em sua estreia como escritor resolveu trazer a personagem para uma aventura nos trópicos. Nasceu aí o livro O Xangô de Baker Street, lançado em 1995. Grande sucesso editorial, a adaptação para cinema veio seis anos depois, dirigida por Miguel Faria Jr., autor também do roteiro, junto com Patrícia Melo e Marcos Bernstein. Na trama, Holmes, vivido pelo ator português Joaquim de Almeida, é contratado por Dom Pedro II (Cláudio Marzo), para vir ao Brasil investigar o sumiço de um raro violino. Acompanhado pelo fiel Watson (Anthony O’Donnell), ele termina se envolvendo em uma outra investigação conduzida pelo inspetor Mello Pimenta (Marco Nanini). O Xangô de Baker Street é um filme que segue a risca o clima quase anárquico proposto pelo livro. E ao contrário do esperado, quem rouba a cena é Watson, principalmente, em dois momentos: o da pomba gira e o da caipirinha. Os fãs mais radicais de Sherlock talvez torça o nariz.
O XANGÔ DE BAKER STREET (Brasil 2001). Direção: Miguel Faria Jr. Elenco: Joaquim de Almeida, Marcos Nanini, Maria de Medeiros, Anthony O’Donnell, Marcello Antony, Cláudia Abreu, Caco Ciocler, Thalma de Freitas e Cláudio Marzo. Duração: 118 minutos. Distribuição: Columbia.