Normalmente na história do Oscar o melhor diretor também leva o prêmio de melhor filme. Afinal, se um filme é reconhecido como o que teve a melhor direção, a lógica indica que ele é também o melhor, certo? Bem, poucas vezes essa “lógica” não prevaleceu. A última delas foi em 2006, quando Ang Lee ganhou como diretor e seu filme, O Segredo de Brokeback Mountain, que era efetivamente o melhor, perdeu para Crash, de Paul Haggis. Com roteiro adaptado por Larry McMurtry e Diana Ossana, a partir do conto de Annie Proulx, temos aqui a trajetória de duas pessoas ao longo de cerca de 20 anos. Essencialmente, trata-se de uma história de amor, que poderia ter acontecido entre um homem e uma mulher, entre duas mulheres ou entre dois homens, como é o caso em O Segredo do Brokeback Mountain. Ennis Del Mar (Heath Ledger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal) se conhecem e se apaixonam durante um trabalho de verão na montanha de Brokeback, supostamente localizada no estado de Wyoming, nos Estados Unidos. Ao longo das duas décadas seguintes eles tentam entender o que aconteceu naquele verão e o motivo da forte atração que sentem um pelo outro. Cada um passa a levar uma vida dupla com suas respectivas esposas e filhos, e, sempre que possível, se reencontram na montanha. Ang Lee é um cineasta sensível e sabe lidar com temas polêmicos de maneira sutil e delicada. Sua direção segura extrai desempenhos memoráveis do elenco, em particular da dupla principal, simplesmente soberba. Como eu já disse, trata-se de uma bela e triste história de amor que poderia ter acontecimento exatamente da mesma maneira e com os mesmos conflitos entre um homem e uma mulher, entre duas mulheres ou entre dois homens.