Não é exagero afirmar que Zhang Yimou e Kaige Chen abriram o mercado ocidental para o novo cinema chinês. O primeiro, em 1991, com Lanternas Vermelhas. E o segundo, em 1993, com Adeus, Minha Concubina. A carreira de Yimou se revelou mais regular. Chen teve alguns baixos, porém, quando acerta, é algo próximo do sublime. O Sacrifício, que ele dirigiu em 2010, a partir do roteiro original de Ningyu Zhao, é um grande acerto. A história acontece durante a dinastia Jin. A clã Zhao ocupa altos postos há bastante tempo. Zhao Dun (Guoan Bao) é o primeiro-ministro, casado com a irmã do imperador. Tu’an Gu (Xueqi Wang), inimigo dos Zhao, arma um plano para exterminar todos os membros da família. Apenas um bebê sobrevive, salvo pelo médico Cheng Ying (You Ge), que o leva para a casa do inimigo e o faz seu afilhado.  O Sacrifício é visualmente deslumbrante, mas, isso, é apenas a cobertura do bolo. O recheio é igualmente fabuloso. Chen mistura sequências de muita ação com momentos mais tranquilos. Porém, ele não descuida nunca da tensão constante e dos dilemas que surgem com o desejo de vingança. O filme consegue manter um fino equilíbrio e o drama que se desenvolve é bem interessante, apesar de alguns pequenos deslizes, que não chegam a comprometer o resultado final.