Existem histórias, ou melhor, filmes que só poderiam ser feitos por um determinado cineasta. O espanhol Pedro Almodóvar é dono de um estilo próprio, assim como são próprias e únicas suas histórias e seu jeito de contá-las. Em A Flor do Meu Segredo, que ele escreveu e dirigiu em 1995, somos apresentados a Leo Macias, vivida por uma de suas atrizes favoritas, Marisa Paredes. Ela escreve romances populares e vive um casamento que está em frangalhos. A crise conjugal que enfrenta, em muito causada pela ausência do marido (Imanol Arias), um militar que está sempre viajando, provoca nela um bloqueio completo. Apesar que ter tido alguns protagonistas masculinos em sua obra, o forte de Almodóvar são as mulheres. E Leo é mais uma desse seleto time. Um dos aspectos mais curiosos nos filmes do diretor é a maneira como ele faz com que os filmes “conversem” uns com os outros. Em A Flor do Meu Segredo ele antecipa uma situação que será desenvolvida posteriormente em Tudo Sobre Minha Mãe. Além disso, a trama de Volver é contada durante o filme. Um primeiro julgamento pode levar a crer que Almodóvar não passa de um artista egocêntrico e autorreferencial. Ledo engano. Essas “brincadeiras internas” apenas enriquecem ainda mais os trabalhos tão singulares desse grande diretor.