Não sei se isso acontece com você, mas, muitas vezes, eu fui atraído para um filme, uma música ou um livro por causa do título. E, cá entre nós, O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas é um título dos mais convidativos. O documentário, dirigido pelos cineastas pernambucanos Paulo Caldas e Marcelo Luna trata da cena musical do rap e do hip-hop de Recife. E não fica só nisso. Mesmo que você não goste desse tipo de música, o filme vai “te ganhar” pela força de sua narrativa e das histórias que ele conta. Temos aqui duas figuras centrais: Helinho, mais conhecido como Pequeno Príncipe; e Garnizé, músico da banda de rap Faces do Subúrbio. O primeiro é um justiceiro, acusado de ter matado dezenas de bandidos na região de Camaragibe. O outro é líder comunitário, militante político e utiliza a arte para sobreviver. O pano de fundo é a dura realidade das periferias das grandes cidades brasileiras. Os diretores não fazem uso da narração. O filme se sustenta nos depoimentos e na força de suas imagens. Um dos diretores, Paulo Caldas, já havia trabalhado antes com o tema e é mais lembrado por seu longa de estreia, Baile Perfumado, que dirigiu em 1997, junto com Lírio Ferreira. Este contundente documentário, além de confirmar mais uma vez a criatividade e a ousadia do cinema feito em Pernambuco, traz para o debate temas cotidianos dos mais relevantes e que precisam ser encarados de frente.
O RAP DO PEQUENO PRÍNCIPE CONTRA AS ALMAS SEBOSAS (Brasil 2000). Direção: Paulo Caldas e Marcelo Luna. Documentário. Duração: 75 minutos. Distribuição: Europa Filmes.
Uma resposta
Concordo com o Marden, por vezes somos atraídos pelo título. Neste caso, além de saber o significado de “alma sebosa”, estamos diante de um filme extraordinário.