O cineasta inglês Ken Loach é conhecido e premiado pelos temas políticos e sociais que costuma imprimir em suas obras. Ele, que começou sua carreira na televisão no início dos anos 1960, migrou rapidamente para o cinema e consolidou seu estilo ao longo da década seguinte. A Parte dos Anjos, seu trabalho de 2012, a exemplo de À Procura de Eric, de 2009, acrescenta o humor aos seus temas recorrentes. Aqui, a partir de um roteiro escrito por Paul Laverty, o diretor conta a história de Robbie (Paul Brannigan), um jovem do subúrbio de Glasgow, que teve uma adolescência repleta de atos de delinquência. Preso e julgado, Robbie é liberado e forçado a realizar serviços comunitários. Ele descobre então que tem o dom da degustação para o uísque e isso pode mudar sua vida e a de seus amigos. A Parte dos Anjos é, antes de tudo, um filme sobre recomeço. Loach parte da expressão escocesa que dá título ao filme (e que equivale ao nosso “pro santo”) para criar uma pequena metáfora sobre a segunda chance que todos merecem ter. Como é comum em sua filmografia, Loach demonstra extremo carinho para com suas personagens. E isso, aliado a um roteiro bem escrito e ao tratamento cômico de alguns sequencias, fazem de A Parte dos Anjos, um brinde ao bom cinema.

A PARTE DOS ANJOS (The Angels’ Share – Inglaterra/França/Bélgica/Itália 2012). Direção: Ken Loach. Elenco: John Henshaw, Paul Brannigan, Siobhan Reilly, Gary Maitland, Jasmin Riggins, William Ruane e Scott Dymond. Duração: 101 minutos. Distribuição: Imovision.