O cineasta americano Francis Ford Coppola retorna ao mundo da família Corleone 16 anos depois com O Poderoso Chefão – Parte III. Após o estrondoso sucesso das Partes I, em 1972, e II, em 1974, será que ainda havia algo de interesse para ser mostrado? O intervalo cronológico entre este e o anterior é de cerca de 20 anos. A ação começa em 1979 com Michael Corleone, novamente interpretado por Al Pacino, bem perto de conseguir legalizar todos os negócios da família. Ao mesmo tempo, ele precisa preparar um sucessor, já que seus filhos não possuem o talento necessário. Surge então Vincenzo Mancini (Andy Garcia), filho bastardo de Sonny, seu irmão mais velho. O roteiro, assinado por Coppola e Mario Puzo, se inspira na disputa sucessória da peça Rei Lear, de Shakespeare, para estruturar a história. Paralelo a isso, alguns acontecimentos reais da época, como o escândalo do Banco do Vaticano e a escolha de um novo Papa, enriquecem a trama. O Poderoso Chefão – Parte III costuma ser massacrado como o desfecho mal sucedido de uma trilogia que tinha tudo para ser perfeita. Isoladamente, é óbvio que ele perde feio para qualquer um dos dois primeiros. O ideal é assistir a esta conclusão da saga de Michael na sequência das partes anteriores e encarar a trilogia como um único filme. A Parte III funciona muito bem quando vista assim. Afinal, a mesma equipe criativa está reunida outra vez, com exceção de Robert Duvall, que por questões de salário não aceitou reprisar o papel de Tom Hagen. Por conta disso, muito do que constava do roteiro inicial teve que ser mudado. Outra questão que gerou muita polêmica foi a escalação de Sofia Coppola, filha do diretor, para o papel de Mary, filha caçula de Michael e Kay Adams (Diane Keaton). Sofia não é a maior das atrizes, porém, a personagem lhe caiu muito bem e pelo menos, é coerente que tenha ficado com ela, afinal, a Mary bebê que aparece no início da Parte II foi vivida por ela também. Fora isso, o que fica é um grande filme que muitos insistem em taxar de ruim, mas, que fecha de maneira digna a trajetória de uma família. Como o mundo do cinema seria melhor se todos os filmes ruins fossem como este.