Se existe um cineasta capaz de entender e adaptar com propriedade o mundo do jornalista e escritor Hunter S. Thompson, esse diretor é Terry Gilliam. Baseado em um dos marcos da contracultura americana, o roteiro de Medo e Delírio em Las Vegas, escrito pelo próprio Gilliam, junto com Tony Grisoni, Tod Davies e Alex Cox, tem como figura principal o alterego de Thompson, o jornalista Raoul Duke (Johnny Depp, impagável). Ele recebe um adiantamento para cobrir um evento esportivo. Duke e seu amigo advogado, Dr. Gonzo (Benício Del Toro, igualmente impagável), pegam a estrada com o porta-malas do carro cheio de drogas. No caminho, cruzam com diversas personagens tão ou mais malucas que eles. Gilliam tem domínio absoluto sobre o que aparece em cena. Por conta da natureza do material original, o diretor dá ao filme um tom bem próximo de uma viagem lisérgica. Esse “delírio” visual pode causar estranheza e até mesmo afastar parte do público. No entanto, sem esse recurso a adaptação não seria a mesma. Quem leu o livro e gostou, com certeza se sentirá “em casa” ao ver o filme. Além das imagens alucinantes, Medo e Delírio em Las Vegas conta também com vasto elenco de “malucos belezas” que transformam essa jornada em algo transgressor, divertido e cheio de boas surpresas.