O longa de estreia do cineasta Jean-Luc Godard foi Acossado, lançado em 1960. Seis anos depois, ela já havia dirigido outros nove filmes, além desse décimo primeiro, Masculino-Feminino. O roteiro, do próprio Godard, se inspira em duas histórias de Guy de Maupassant, La Femme de Paul e Le Signe, além de fatos vivenciados e observados pelo diretor no período. Temos à frente do elenco Jean-Pierre Léaud, ator-fetiche de François Truffaut, na época seu melhor amigo com quem viria a romper a amizade em 1973. Voltando ao filme, o jovem Paul (Léaud), completamente desiludido com a vida, abandona o serviço militar e se torna um ativista contra a Guerra do Vietnã. Ao mesmo tempo, sua namorada Madeleine (Chantal Goya), tenta emplacar uma carreira como cantora pop. Isso, óbvio, faz com que Paul se isole cada vez mais. Masculino-Feminino, como boa parte da obra de Godard, foi rodado sem um roteiro prévio. O cineasta rabiscava as cenas na noite anterior à filmagem e inseria elementos do cotidiano que ele lia nos jornais e revistas. Inclusive há uma cena bem no início que mostra Paul assinando uma moção de apoio a um grupo de oito brasileiros que havia sido detido por protestar contra a ditadura militar no Rio de Janeiro. Dividido em 15 segmentos, temos aqui uma crônica da juventude parisiense de então. Tudo isso misturado com amores não-correspondidos, política, conflitos externos, sexo e aquela maneira única que Godard tinha de juntar as mais díspares situações em arte transgressora e pulsante. Em tempo: Brigitte Bardot faz uma ponta.
MASCULINO-FEMININO (Masculin Féminin – França 1966). Direção: Jean-Luc Godard. Elenco: Jean-Pierre Léaud, Chantal Goya, Marlène Jobert, Michel Debord, Catherine-Isabelle Duport, Evabritt Strandberg e Birger Malmsten. Duração: 110 minutos. Distribuição: Versátil/MUBI/Imovision.
