Nono filme americano do cineasta inglês Alfred Hitchcock, Interlúdio, de 1946, resume de maneira brilhante todos os elementos que hoje conhecemos como hitchcockianos. A partir do roteiro escrito por Ben Hecht, acompanhamos a história de Alicia Huberman (Ingrid Bergman), uma alemã naturalizada que vive nos Estados Unidos e é convocada pelo agente secreto Devlin (Cary Grant) para uma missão especial no Rio de Janeiro. Ela precisa se infiltrar em uma organização nazista liderada por Alex Sebastian (Claude Rains) que atua no Brasil. Detalhe: ela deve se casar com Alex, que é seu antigo noivo. Mesmo apaixonada por Devlin, Alicia aceita a missão. O clima parece até de melodrama, no entanto, a habilidade de Hitchcock extrai dessa trama situações de puro suspense. O diretor sabia, como poucos, colocar uma câmara, apontar detalhes importantes, enfim, compor uma cena. Diz a lenda que ele tratava o elenco como gado, por conta de sua fama em não se preocupar muito com os atores. Aqui, como nas demais obras que compõem sua filmografia, o que se percebe, caso a lenda seja verdadeira, é que Hitchcock era, portanto, um excelente capataz, uma vez que seu “gado” era sempre bem conduzido.
INTERLÚDIO (Notorious – EUA 1946). Direção: Alfred Hitchcock. Elenco: Cary Grant, Ingrid Bergman, Claude Rains, Louis Calhern, Leopoldine Konstantin, Reinold Schunzel e Moroni Olsen. Duração: 103 minutos. Distribuição: Versátil.