O cineasta japonês Hirokazu Koreeda tem um talento especial para escolher e contar histórias. Seus filmes fogem do padrão e apresentam tramas inusitados e instigantes. Não é diferente em Depois da Vida, que ele escreveu e dirigiu em 1998. Somos apresentados a um grupo de pessoas que está esperando em algum ponto localizado entre o céu e a terra. São pessoas que morreram recentemente e que, com a ajuda de guias treinados, terão, ao longo de três dias, que recorrer às suas memórias para resgatar o momento mais marcante, a melhor lembrança, o fato mais importante de suas vidas. O acontecimento escolhido será o único que elas levarão para o novo plano de existência. Koreeda conduz suas personagens por caminhos surpreendentes e nós, espectadores, somos provocados a pensar em qual seria o ponto alto de nossas vidas também. Sem efeitos especiais nem reviravoltas forçadas, Depois da Vida parte de uma premissa bastante simples: o que realmente importa? A pergunta, apesar da aparente simplicidade, é assustadoramente profunda. E a maneira como o diretor mostra aquele espaço intermediário é das mais singelas e originais já visto na história do cinema.
DEPOIS DA VIDA (Wandâfuru Raifu – Japão 1998). Direção: Hirokazu Koreeda. Elenco: Arata, Erika Oda, Susumu Terajima, Takashi Naitô, Kyôko Kagawa, Kei Tani, Taketoshi Naitô e Tôru Yuri. Duração: 118 minutos. Distribuição: Versátil.