“Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Não foi o caso, mas, o poeta gaúcho Mário Quintana, autor dessa frase, poderia ter inspirado o escritor Ray Bradbury, autor da obra literária Fahrenheit 451. O filme, de 1966, foi o primeiro trabalho em língua inglesa do cineasta francês François Truffaut. O roteiro, adaptado pelo diretor, junto com Jean-Louis Richard, conta uma história assustadora. Em um futuro não muito distante, os bombeiros não apagam mais os incêndios. O trabalho deles agora consiste em queimar livros proibidos. Um desses bombeiros, Montag (Oskar Werner), se apaixona por uma professora, Clarisse (Julie Christie), que enconde livros e pior, os lê também. Essa paixão transforma a vida de Montag. Fahrenheit 451, tanto o livro como o filme, funciona como uma metáfora à nossa liberdade intelectual e de expressão. Por se tratar de uma ficção-científica, pode até parecer um gênero estranho para um diretor como Truffaut, cuja a obra é mais focada em dramas. Porém, ele conduz o filme com muita segurança e, de quebra, ainda faz referência ao seu cineasta favorito, Alfred Hitchcock. Infelizmente, a história contada aqui continua bastante atual em muitos governos pelo mundo que simplesmente proíbem qualquer tipo de manifestação intelectual. Uma curiosidade: 451 é a temperatura, em graus Fahrenheit, da queima do papel e equivale a 233 graus Celsius.
FAHRENHEIT 451 (Fahrenheit 451 – Inglaterra 1966). Direção: François Truffaut. Elenco: Oskar Werner, Julie Christie, Cyril Cusack, Anton Diffring, Jeremy Spenser e Alex Scott. Duração: 112 minutos. Distribuição: Universal.
Uma resposta
Um François Truffaut imperdível. Desses que fica conosco por dias seguidos!