O francês Roschdy Zem é mais conhecido por seu trabalho como ator. Afinal, já participou de quase cem filmes desde que iniciou sua carreira em 1987. Mas, além de atuar, ele vem se destacando também, desde 2006, como roteirista e diretor. Chocolate, de 2016, é seu quarto longa-metragem atrás das câmeras. O roteiro, escrito por ele próprio, junto com Cyril Gely, Olivier Gorce e Gérard Noiriel, se inspira na vida de Rafael Padilha (Omar Sy), o primeiro negro artista circense da França. Rafael nasceu em Cuba e foi vendido ainda criança como escravo. Anos mais tarde, após fugir, é encontrado e ajudado por um palhaço que o coloca para trabalhar no circo. Apesar de a história se passar na virada dos séculos XIX para o XX, Chocolate (nome artístico de Rafael), lida com a questão do racismo, que persiste, infelizmente, até nossos dias. É curioso ver que Rafael causa estranhamento, no começo, por ser negro. Depois, graças ao seu talento, conquista o público. Vem o sucesso e a fama e isso revela-se bem incômodo justamente por conta da cor de sua pele. Zem é sutil e inteligente em sua crítica. Ela se manifesta em pequenos detalhes que são apresentados ao longo do filme. Mas se faz presente, sim. E de forma marcante. Em tempo: não confundir com outra obra de mesmo nome realizada no ano 2000 pelo diretor Lasse Hallström e estrelada por Juliette Binoche e Johnny Depp.
CHOCOLATE (Chocolat – França 2016). Direção: Roschdy Zem. Elenco: Omar Sy, James Thiérrée, Thibault de Montalembert, Clotilde Hesme e Olivier Gourmet. Duração: 120 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.