Uma Linda Mulher, comédia romântica de grande sucesso, dirigida em 1990 por Garry Marshall e estrelada por Julia Roberts e Richard Gere, é inspirada no conto de fadas da Cinderela. Imagine então se essa história acontecesse pra valer no mundo real. É o que vemos em Anora, escrito e dirigido por Sean Baker. Somos apresentados aqui (e que apresentação) à jovem que dá título ao filme, vivida com intensidade contagiante pela atriz Mikey Madison. Ela vive no Brooklyn, em Nova York, e é uma trabalhadora do sexo. Certa noite, Ani, como prefere ser chamada, conhece Ivan (Mark Eydelshteyn), um rico jovem russo, e acredita ter tirado a sorte grande. Ambos inconsequentes e imaturos, acabam se envolvendo e rapidamente se casando. Tudo parece um sonho. Em especial para ela. Até a dura realidade bater, literalmente, à porta. Sean Baker é um dos cineastas mais originais de sua geração. Seu estilo direto e carregado de muito humor, às vezes sutil, outras físico, mas sempre ácido. Isso tudo, aliado ao uso de cores fortes e de uma câmera em constante movimento, é recorrente em suas obras, que possuem uma estrutura narrativa bastante peculiar e original. Basta conferir sua filmografia, onde se destacam Tangerina e Projeto Flórida. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2024, Anora é aquele tipo de filme que divide opiniões. Não há espaço para meios-termos. Ou se ama ou se detesta. Eu amei.
ANORA (EUA 2024). Direção: Sean Baker. Elenco: Mikey Madison, Mark Eydelshteyn, Yura Borisov, Karren Karaguilian, Vache Tovmasyan, Ivy Wolk, Darya Ekamasova e Lindsey Normington. Duração: 139 minutos. Distribuição: Universal.