A colombiana Mónica Taboada-Tapia após dirigir três curtas, estreou na direção de longas com o documentário Alma do Deserto. Ela nos apresenta aqui a figura de Georgina Epiayu, uma mulher trans da etnia Wayúu. Ela tem 70 anos e sofreu uma covarde ação de preconceito e intolerância quando teve sua casa queimada por seus vizinhos. Ela perdeu tudo no incêndio, inclusive seus documentos. Isso a leva aos órgãos oficiais em um desumano périplo em busca de novos registros. A lente de Taboada-Tapia nos revela que não é apenas Georgina que se encontra nessa situação de precisar de documentos que comprovem sua existência. Há uma questão muito maior que envolve especialmente as comunidades indígenas e os povos originários. Mas o caso que ganha maior destaque é justamente o de Georgina por conta de sua orientação sexual e origem. A maneira sensível como a diretora aborda a jornada dessa mulher e de outros marginalizados estabelece um forte elo de empatia com o espectador. Em tempo: Alma do Deserto ganhou o Leão de Ouro Queer no Festival de Veneza de 2024.
ALMA DO DESERTO (Alma del Desierto – Colômbia/Brasil 2024). Direção: Mónica Taboada-Tapia. Documentário. Duração: 87 minutos. Distribuição: Retrato Filmes.