Ao longo de 35 anos de carreira, o cineasta japonês Yasujiro Ozu dirigiu seis curtas e 49 longas. O último deles, A Rotina Tem Seu Encanto, de 1962, foi lançado pouco antes de sua morte, aos 60 anos, vítima de um câncer. O roteiro foi escrito por Ozu e Kogo Noda, seu colaborador habitual. A história nos traz a lembrança de outro clássico do diretor, Pai e Filha, feito 13 anos antes. Temos aqui a história de Shurei Hirayama, papel de Chishu Ryu, outro colaborador habitual de Ozu. Ele é viúvo e leva uma vida tranquila sob os cuidados de sua filha única, Michiko (Shima Iwashita). Isso muda quando surge a preocupação em relação ao futuro dela. Shurei decide então que é hora de ter um genro. O título do filme não poderia ser mais apropriado. Ozu sempre teve a rotina familiar como tema recorrente. E em sua extensa filmografia ela tem, sim, seu encanto. A câmera do diretor quase não se move. A maioria dos planos são parados e, por isso mesmo, parecem quadros pintados com extrema delicadeza. Ozu nos ensina, na prática, a verdade contida naquele velho ditado popular que diz ser a pressa inimiga da perfeição. O cinema de Ozu não tem pressa alguma e é, por isso e por muitas outras qualidades, simplesmente perfeito.
A ROTINA TEM SEU ENCANTO (Sanma No Aji – Japão 1962). Direção: Yasujiro Ozu. Elenco: Chishu Ryu, Shima Iwashita, Keiji Sada, Mariko Okada e Teruo Yoshida. Duração: 114 minutos. Distribuição: Versátil.