Existem dois gêneros cinematográficos que costumam ser abraçados por jovens cineastas em início de carreira: o terror e a ficção-científica. Eu poderia elencar diversas razões, mas me concentrarei em apenas três: 1) público cativo; 2) baixo orçamento; e 3) liberdade para criar. A Máquina do Tempo, longa de estreia do roteirista e diretor irlandês Andrew Legge é uma ótima ficção-científica que faz jus a este seleto grupo de obras que esbanjam criatividade. O roteiro do próprio Legge, escrito junto com Angeli Macfarlane, nos apresenta Thomasina (Emma Appleton) e Martha (Stefanie Martini). Elas são irmãs e criam uma ferramenta que capta transmissões de rádio e TV do futuro. O equipamento parece aquele que Spock montou no episódio A Cidade à Beira da Eternidade, da série clássica de Star Trek. A ação se passa na Inglaterra, durante a Segunda Guerra Mundial, e elas decidem ajudar seu país antecipando para as forças armadas britânicas as ações do inimigo nazista. Os problemas surgem quando a linha temporal dos eventos é alterada por conta das intervenções feitas. E isso traz consequências completamente inesperadas. Filmado em preto e branco e com razão de aspecto 4:3 (ou seja, tela quase quadrada), A Máquina do Tempo é um exercício ousado e original a partir do conceito de found footage (aquele de imagens encontradas utilizado em A Bruxa de Blair, por exemplo). É visível o baixo orçamento, porém, o que não falta aqui são boas soluções tanto visuais quanto de roteiro. E isso, no final, faz toda a diferença.
A MÁQUINA DO TEMPO (Lola – Irlanda/Inglaterra 2022). Direção: Andrew Legge. Elenco: Emma Appleton, Stefanie Martini, Rory Fleck-Byrne, Aaron Monaghan, Lorcan Cranitch, Hugh O’Conor e Chacha Seigne. Duração: 79 minutos. Distribuição: Pandora Filmes.