Existem máximas, tipo “tal pai, tal filho” ou “filho de peixe, peixinho é” que se encaixam perfeitamente neste caso. Estou me referindo à cineasta Julie Gavras, filha do também cineasta Costa-Gavras. Ela começou a carreira como assistente de direção do pai. Depois, dirigiu um documentário e em seguida, seu primeiro longa de ficção, A Culpa é do Fidel!. O roteiro, ela adaptou, junto com Arnaud Cathrine, do livro Tutta Colpa di Fidel, escrito pela italiana Domitilla Calamai. A história se passa na França, mais precisamente em Paris, no início dos anos 1970. Anna (Nina Kervel-Bey) é uma menina de nove anos que leva uma vida rotineira e sossegada, dividida entre a escola católica onde estuda e sua família. Tudo vai bem até que seu tio, um comunista convicto, é preso e morre. Isso provoca mudanças radicais. Os pais de Anna se mudam para um apartamento menor, a troca de babás vira uma constante e eles não param de receber em casa pessoas cada vez mais estranhas e barbudas. A menina passa então a perceber o mundo de uma maneira diferente. Julie Gavras herdou do pai o gosto por questões políticas. A diferença é que ela acrescenta um pouco de humor. A Culpa é do Fidel! é divertido, às vezes irônico, às vezes sério, e consegue se equilibrar na linha tênue que separa o drama da comédia. Sem contar a pequena Nina Kervel-Bey à frente do elenco, que nos convence inteiramente de sua indignação. Uma estréia com pé direito. Em tempo: aproveitando as máximas do início do texto, a atriz que faz o papel da mãe de Anna é filha do ator Gérard Depardieu.
A CULPA É DO FIDEL! (La Faute à Fidel! – França/Itália 2006). Direção: Julie Gavras. Elenco: Nina Kervel-Bey, Julie Depardieu, Stefano Accorsi, Benjamin Feuillet, Martine Chevallier, Olivier Perrier, Marie Kremer, Raphaël Personnaz, Mar Sodupe e Gabrielle Vallières. Duração: 99 minutos. Distribuição: VideoFilmes.
Uma resposta
Se precisamos nos apoiar em referências, algo sempre presente em nossas escolhas, o nome Gavras é certamente um porto seguro. Mesmo limitando-se tão somente à curiosidade como ponto de partida. Filho de peixe pode ser um peixão!