O cineasta japonês Yasujiro Ozu viveu apenas 60 anos. Nesse curto período, dirigiu 50 filmes. Dentre as muitas obras-primas que realizou, uma das mais importantes foi Era Uma Vez no Japão, de 1953, que, inexplicavelmente, quando de seu lançamento em DVD no Brasil recebeu o título de Contos de Tóquio. Ozu, diferente de seu contemporâneo e conterrâneo Akira Kurosawa, tinha um estilo bem mais intimista e pessoal. A começar pelos temas e pela maneira de filmar. Ele, preferencialmente, tratava de relações entre familiares e gostava de posicionar sua câmara quase rente ao chão, como se acompanhasse o olhar de alguém sentado no tatame. O roteiro de Era Uma Vez em Tóquio, escrito pelo próprio Ozu, junto com Kogo Noda, conta a história de um casal de idosos que viaja até Tóquio para visitar os filhos. Eles então  percebem que as coisas mudaram e decidem voltar mais cedo para casa. A mãe adoece e os filhos decidem visitar os pais. Ozu lida aqui com questões que são naturais na vida de todos nós, em especial, quando estamos velhos. Porém, seu olhar atento e sutil, capta coisas que normalmente não conseguimos enxergar. Só um verdadeiro mestre como Ozu para ver além das aparências e além daquilo que está à nossa frente. E isso faz de Era Uma Vez em Tóquio uma verdadeira obra de arte.