Uma das coisas mais difíceis no cinema é conseguir ser original em um gênero com regras bem estabelecidas. A diretora Debra Granik consegue este feito em Inverno da Alma. O roteiro é baseado no livro escrito por Daniel Woodrell e foi adaptado por Granik, em parceria com a roteirista Anne Rosellini. A história acompanha o drama da jovem Ree Dolly (Jennifer Lawrence), de apenas 17 anos, que cuida sozinha da mãe doente e de dois irmãos menores. Como se não bastasse os problemas cotidianos de sobrevivência em uma realidade extremamente dura, ela ainda precisa encontrar o pai desaparecido sob o risco de perder a casa onde moram. A ação acontece na região montanhosa de Ozark, no interior do interior dos Estados Unidos. Somente este cenário inóspito justificaria assistir a este filme, no entanto, Inverno da Alma oferece muito mais. A começar por Jennifer Lawrence, talvez a mais talentosa atriz de sua geração. Seu desempenho, indicado ao Oscar, é vigoroso, contundente e comovente. E olha que ela ainda não tinha 20 anos de idade quando fez este filme. Outro ponto alto é a própria trama que mistura drama familiar com suspense investigativo. Granik conduz a ação com segurança e maturidade, sem maquiagem. Ela dá espaço para que todo o elenco brilhe em cenas muitas vezes fortes e de extrema brutalidade, mas inteiramente contextualizadas. E, talvez por isso mesmo, mais aterradoras. Inverno da Alma é um filme diferente, incomum e fora dos padrões. E isso é muito bom.