O cineasta francês Thierry Binisti se envolveu com cinema ainda na adolescência. Começou realizando curtas sobre a vida dos moradores de sua comunidade. Depois, trabalhou muitos anos na televisão, ao mesmo tempo em que atuou como assistente de direção. E continuou dirigindo curtas. A estréia em um longa-metragem aconteceu em 2002, com L’Outremangeur. Seu segundo longa é Uma Garrafa no Mar de Gaza, de 2011. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, junto com Valérie Zenatti, conta a história de Tal (Agathe Bonitzer), uma jovem francesa de 17 anos que mora em Jerusalém com sua família. Abalada pela explosão de um camicaze em um café de seu bairro, ela escreve uma carta destinada a um palestino imaginário, onde faz muitas perguntas e expressa seu repúdio ao ódio que existe entre os israelenses e seus vizinhos. A carta é colocada dentro de uma garrafa e jogada no mar de Gaza. Tempos depois, Tal recebe uma resposta do misterioso Naim (Mahmud Shalaby). Uma análise mais superficial poderia classificar este filme de Binisti como ingênuo. Afinal, entre Tal e Naim existem séculos de conflitos. No entanto, o diretor propõe um diálogo inusitado, daqueles que só o cinema é capaz de conceber. E no final, apesar de cair em algumas armadilhas narrativas, consegue escapar de outras. E com louvor.