Não é por acaso que o cineasta americano Sam Peckinpah é conhecido como “o poeta da violência”. Basta conferir algumas obras de sua filmografia para constatar que este título é mais do que justificado. Quando Sob o Domínio do Medo foi lançado, em 1971, Peckinpah ainda desfrutava do enorme sucesso de seu filme anterior, Meu Ódio Será Sua Herança, de 1969. Isso só fez aumentar a expectativa em torno do novo trabalho. E ele não decepcionou. Tendo por base um livro escrito por Gordon Williams, o roteiro foi adaptado pelo próprio diretor, junto com David Zelag Goodman. A história gira em torno de David (Dustin Hoffman), um tímido matemático americano, que se muda com a esposa Amy (Susan George) para a pequena cidade natal dela, no interior da Inglaterra. Eles querem uma vida sossegada, mas, não é bem isso que o casal encontra no novo lar. Sob o Domínio do Medo causou muita polêmica e dividiu opiniões entre críticos de cinema e sociólogos. Taxado de fascista, machista e muitas outras palavras terminadas em “ista”, o filme de Peckinpah é denso, intenso e realmente violento. O diretor não alivia a mão em momento algum. Porém, as personagens e a estrutura narrativa são tão bem construídas e contextualizadas que fica difícil não entender as razões de tudo o que acontece com David e Amy. A inadequação do indivíduo era um tema recorrente na filmografia do cineasta e este filme permite leituras ricas e das mais diversas. Em tempo: existe uma refilmagem, realizada em 2011, e bem inferior ao original.