A viola de gamba é um instrumento musical com seis ou sete cordas, criada no século XV e que é tocada com um arco similar ao de um violoncelo. Este instrumento tornou-se muito popular durante a Renascença e o período Barroco. O francês Monsieur de Sainte-Colombe foi um dos maiores mestres da viola de gamba e teve sua vida e obra resgatadas pelo romance Todas as Manhãs do Mundo, de Pascal Quignard, publicado em 1991. No mesmo ano, o próprio Quignard escreveu também a adaptação para roteiro, junto com o cineasta Alain Corneau, que dirigiu o filme. A ação se passa no final do século XVII e somos apresentados a Sainte-Colombe (Jean-Pierre Marielle), que retorna para casa e toma conhecimento da morte de sua esposa. Uma forte melancolia pela perda da mulher amada faz com que ele se isole do mundo. Sua atitude e seu talento chamam a atenção da corte real que o convida para tocar. Convite que é recusado. Certo dia, ele recebe a visita de Marin Marais, vivido pelos atores Guillaume Depardieu (quando jovem) e Gérard Depardieu (na fase adulta). Marais quer aprender a tocar viola de gamba e ninguém melhor que um grande mestre para ensiná-lo. A relação que se estabelece entre eles é a força motriz desta obra-prima de Corneau. Todas as Manhãs do Mundo é um filme, antes de tudo, esteticamente bonito e elegante em suas imagens e enquadramentos. Daqueles que provocam nossos sentidos e, principalmente, nossos sentimentos. Além disso, temos uma trilha sonora que chega bem perto do sublime, com peças musicais da época, compostas por Saint-Colombe, Marin Marais, Jean-Baptiste Lully e François Couperin. Em tempo: Gérard e Guillaume Depardieu eram pai e filho na vida real. Guillaume faleceu prematuramente, em 2008, aos 37 anos, vítima de uma pneumonia.
TODAS AS MANHÃS DO MUNDO (Tous les Matins du Monde – França 1991). Direção: Alain Corneau. Elenco: Gérard Depardieu, Jean-Pierre Marielle, Anne Brochet, Caroline Sihol, Carole Richert e Guillaume Depardieu. Duração: 115 minutos. Distribuição: Versátil.