Se você gosta de filmes de gangsters, certamente aprecia os filmes de Martin Scorsese. E se esse genial diretor dissesse que o filme de gangster favorito dele é Técnica de Um Delator, dirigido em 1962 pelo cineasta francês Jean-Pierre Melville? Bem, caso não o tenha visto ainda é hora de corrigir essa falha o mais rápido possível. Melville adorava os filmes noir americanos dos anos 1940 e foi uma das maiores influências dos jovens diretores da Nouvelle Vague. Em Técnica de Um Delator, cujo roteiro ele próprio adaptou do romance de Pierre Lesou, o cineasta volta a dirigir o ator Jean-Paul Belmondo, com quem havia trabalhado no ano anterior em Léon Morin: O Padre. Belmondo, por sua vez, vinha do grande sucesso de Acossado, de Jean-Luc Godard, feito dois anos antes e que o transformou em astro mundial. Tudo começa em um belíssimo plano-sequência que nos apresenta Maurice (Serge Reggiani), recém-saído da cadeia após seis anos preso. A partir daí, acompanhamos planos de roubos e o reencontro de Maurice com seus antigos parceiros, como Silien (Belmondo), que ele suspeita ser informante da polícia. Tudo, absolutamente tudo em Técnica de Um Delator, trabalha a favor da história. Do roteiro à direção; da escalação do elenco à impactante trilha sonora de Paul Misraki; da estupenda fotografia em preto e branco de Nicolas Hayer à montagem precisa de Monique Bonnot. Sem exagero algum, trata-se de um filme que já nasceu clássico.
TÉCNICA DE UM DELATOR (Le Doulos – França 1962). Direção: Jean-Pierre Melville. Elenco: Jean-Paul Belmondo, Serge Reggiani, René Lefévre, Michel Piccoli, Jean Desailly, Fabienne Dali, Monique Hennessy e Philippe March. Duração: 108 minutos. Distribuição: Versátil.
