É fato que o Cinema mais autoral, criativo e corajoso feito no Brasil nos últimos anos vem do nordeste. Em especial, de Pernambuco, onde se destacam Lirio Ferreira, Claudio Assis, Marcelo Gomes e Kleber Mendonca Filho. Agora, mais um nome aparece para completar esta lista: Hilton Lacerda. Ele estreou como roteirista em 1997, quando co-escreveu Baile Perfumado. Depois, participou do roteiro de todos os filmes de Claudio Assis. A estreia como diretor se deu em 2007, com o documentário Cartola – Musica Para os Olhos. Seis anos depois, Lacerda escreve e dirige Tatuagem, seu primeiro longa de ficção. A história se passa no ano de 1978, no Recife. Clécio (Irandhir Santos) lidera uma trupe teatral que realiza espetáculos cheios de ousadia para um período de forte repressão do regime militar. Entra em cena o jovem soldado Arlindo (Jesuita Barbosa), que ganha o apelido de Fininha. Com apresentações carregadas de irreverência e canções de duplo sentido, os artistas do grupo Chão de Estrelas tem a simpatia dos intelectuais e chocam a conservadora sociedade pernambucana de então. Tatuagem consegue estabelecer um diálogo com os filmes brasileiros da década de 1970, principalmente, Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues. Com um elenco extremamente à vontade, liderado por Irandhir Santos em um momento iluminado, a obra consegue superar a superficial denominação de “filme gay”. Tudo funciona a favor da história. Além disso, a trilha sonora composta por DJ Dolores é um achado.
TATUAGEM (Brasil 2013). Direção: Hilton Lacerda. Elenco: Irandhir Santos, Jesuita Barbosa, Ariclenes Barroso, Rodrigo Garcia, Ana Georgina Castro, Deyvid Queiroz de Morais e Auriceia Fraga. Duração: 110 minutos. Distribuição: Imovision.
Uma resposta
É isso, concordo com todas as letras: o cinema “mais autoral, criativo e corajoso feito no Brasil nos últimos anos vem do nordeste”. Marden estava mesmo inspirado [e verdadeiro] ao escrever esse texto.