Em 1972, o jovem cineasta Martin Scorsese tinha apenas um longa no currículo: Quem Bate à Minha Porta?, feito cinco anos antes como trabalho de conclusão do seu curso de Cinema, na Universidade de Nova York. Além desse filme e de alguns curtas, Scorsese foi um dos montadores de Woodstock: 3 Dias de Paz, Amor e Música, lançado em 1970. Portanto, quando o produtor Roger Corman o chamou para dirigir Sexy e Marginal, este se tornou o primeiro longa profissional do diretor. O roteiro, escrito pelo casal Joyce Hooper e John William Corrington, tem por base o livro Sister of the Road, de Ben L. Reitman, que por sua vez é uma autobiografia ficcionalizada de Bertha Thompson, vivida por Barbara Hershey. Coube a Corman, que sempre teve um tino certeiro sobre o que produzir e quem chamar para dirigir, aproveitar a onda da turma da Nova Hollywood impulsionada pelo sucesso de Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas, de Arthur Penn. Tudo começa quando Bertha perde seu pai e, como milhões de outros naquela época da Grande Depressão, tenta sobreviver e acaba por se juntar a Big Bill Shelley (David Carradine), um líder sindical. O título nacional, apesar de apelativo, não foge muito do que vemos na trama. Há muita violência e muito sexo. Trata-se, sem dúvida alguma, da obra mais “exploitation” (exploração), de Scorsese. E, obviamente, não se trata de seu melhor trabalho. No entanto, é visível o talento que iria explodir a partir de Caminhos Perigosos, seu filme seguinte. Mas não há como negar seu charme, especialmente, por conta da interpretação precisa de Barbara Hershey, simplesmente encantadora no papel-título.
SEXY E MARGINAL (Boxcar Bertha – EUA 1972). Direção: Martin Scorsese. Elenco: Barbara Hershey, David Carradine, Barry Primus, Bernie Casey, John Carradine, Victor Argo, Harry Northup e Marianne Dole. Duração: 88 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.