Quando se trata de Os Miseráveis, é preciso deixar duas coisas bem claras. Primeiro, existe o livro escrito por Victor Hugo e publicado em 1862. E segundo, existe a adaptação musical, composta por Claude-Michel Schönberg, em 1980. Ao longo de quase 100 anos, muitas versões do clássico francês foram filmadas ou encenadas. Porém, uma delas se destaca mais: a de 1934, dirigida por Raymond Bernard. O cineasta, que muitos consideram o D.W. Griffith da França, vinha da aclamação de seu filme anterior, Cruzes de Madeira, realizado dois anos antes. O desafio de levar às telas, de forma integral, um dos marcos absolutos da literatura francesa, foi um grande desafio. O próprio Bernard, junto com André Lang, cuidou da adaptação do texto. O filme conta a impressionante história de Jean Valjean (Harry Baur), um homem bom que após ser preso por ter roubado um pão, passa a ser perseguido sem trégua pelo inspetor Javert (Charles Vanel). Com quase cinco horas de duração, esta versão de Os Miseráveis abraça com vigor seu material de origem. Victor Hugo, com certeza, a teria aprovado com louvor. E esta edição lançada pela Versátil é também merecedora de aplausos.