Será que existe alguma relação entre astronomia e gastronomia? Segundo o filme grego O Tempero da Vida o primeiro está dentro do segundo. A única diferença é a letra “G” adicional. Com uma das aberturas mais belas e poéticas dos últimos tempos, acompanhamos aqui a história de Fanis, um menino que cresceu em Istambul, junto com o avô, um filósofo culinário que lhe ensinou que tanto a comida quanto a vida, precisam de um pouco de sal, e às vezes canela, para ganhar sabor. Resumindo: a vida requer sempre um toque de tempero. Essa relação é quebrada devido um conflito entre gregos e turcos por causa da ilha de Chipre, o que faz com que parte da família se mude novamente para a Grécia. Fanis cresce e se torna um grande cozinheiro e também um astrônomo. Mais de trinta anos depois ele volta a Istambul para redescobrir suas raízes e encontrar o ingrediente que falta em sua própria vida. Escrito e dirigido por Tassos Boulmetis, O Tempero da Vida é acadêmico e burocrático em algumas passagens, porém, tem uma história tão cativante e, com o perdão do trocadilho, tão bem “temperada” que fica difícil resistir ao seus sabores. De quebra, o filme abre nosso apetite e isso o torna recomendável para ser visto antes das refeições.