Há muito tempo que o eixo Rio-São Paulo deixou de ser o centro da produção cinematográfica brasileira. Ainda que cariocas e paulistas concentrem grande parte dos filmes produzidos no país, existem outros pólos de criação audiovisual que os superam em ousadia e experimentação. O nordeste, em especial Fortaleza, Recife e Salvador, é hoje uma região que produz filmes pulsantes e originais. E é da capital pernambucana que vem O Som ao Redor, primeiro longa de Kléber Mendonça Filho, crítico de cinema e roteirista que já havia dirigido seis curtas entre 2003 e 2009. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, conta uma história que se passa em uma rua de classe-média na zona sul do Recife. É visível no cotidiano das pessoas que moram ali uma preocupação cada vez maior com a segurança. Certo dia, chega Clodoaldo (Irandhir Santos), que oferece aos moradores um serviço de segurança particular. Mas esta, é apenas uma das tramas que acompanhamos em O Som ao Redor. Existem algumas outras, como a de Bia (Maeve Jinkings), mãe de dois filhos, que enfrenta problemas, digamos assim, mais domésticos. Isso tudo faz do filme um fabuloso e inspirado mosaico do dia-a-dia de inúmeros brasileiros que vivem nos grandes centros urbanos. Mendonça Filho é meticuloso na análise das vidas de suas personagens. Além do rigor visual, há aqui um rigor maior ainda com o som que é ouvido ao longo de todo o filme. Não é por acaso que esta estupenda obra tem o título que tem. Vencedor de diversos prêmios em festivais internacionais, O Som ao Redor foi o filme indicado para representar o Brasil na categoria do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013.
O SOM AO REDOR (Brasil 2012). Direção: Kléber Mendonça Filho. Elenco: Irandhir Santos, Gustavo Jahn, Maeve Jinkings, W.J. Solha, Irma Brown, Lula Terra e Yuri Holanda. Duração: 131 minutos. Distribuição: Vitrine Filmes.
Respostas de 2
Faço das palavras do Marden, as minhas e acrescento o Nordeste está à frente do melhor cinema produzido no Brasil. O Som ao Redor é prova disso. Filme absolutamente extraordinário!
Eu tento (!), mas não consigo não gostar do cinema do Kleber.
Já sou fã desde os curtas e ele já é um dos maiores nomes do cinema brasileiro a me inspirar.
Vida longa ao cinema do Nordeste!