O Quarto Poder, dirigido pelo grego Costa-Gavras e estrelado por John Travolta e Dustin Hoffman, é um ótimo exemplo de mau jornalismo. A imprensa é, com certeza, o quarto poder de qualquer nação livre, porém, muitas vezes esse poder quase que absoluto assume posturas de total manipulação dos fatos. O filme começa mostrando uma equipe de televisão se preparando para um trabalho. A maneira como isso é mostrado passa a idéia de uma arma sendo carregada. A mensagem é clara: a TV é uma arma! Temos entre as personagens o editor veterano e íntegro, o repórter inconformado, o âncora estrela e a estagiária em início de carreira. Por trás de todos eles, existe o proprietário da rede de televisão que visa apenas o lucro, quanto maior, melhor, não importando como ele seja obtido. No decorrer da trama, vemos um repórter se apropriar de um drama humano isolado e transformá-lo em assunto nacional. A partir daí, perde-se qualquer escrúpulo e diversas privacidades são invadidas. Como o assunto desperta o interesse da população e a emissora precisa manter a audiência em alta, a edição de todo o material gravado passa a ser manipulada de forma a atender aos interesses da audiência e não o da verdade jornalística. Mesmo se tratando de uma obra de ficção, O Quarto Poder serve para ilustrar bem o perigo que se corre quando o enfoque principal da notícia é desviado. O jornalista precisa ter sempre a consciência que ele existe para relatar um fato ocorrido com imparcialidade, objetividade e credibilidade.
O QUARTO PODER (Mad City – EUA 1997). Direção: Costa-Gavras. Elenco: John Travolta, Dustin Hoffman, Blythe Danner, William Atherton, Alan Alda, Mia Kirshner, Ted Levine e Robert Prosky. Duração: 115 minutos. Distribuição: Warner.