Paul Thomas Anderson nunca foi um diretor fácil. Nem mesmo quando fazia filmes mais simples. Basta ver sua filmografia em ordem cronológica. É visível o aprimoramento de um estilo cada vez mais pessoal de contar histórias. P.T. Anderson, como é mais conhecido, gosta de trabalhar com bons atores. Cinco anos depois de Sangue Negro, seu trabalho anterior, de 2007, ele nos apresenta uma obra muito mais radical ainda, O Mestre. Com roteiro escrito por ele próprio, o filme tem como pano de fundo a fundação de uma organização religiosa, de nome Causa, criada por Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman). A ação tem início após o fim da Segunda Guerra Mundial. O veterano da Marinha americana, Freddie Quell (Joaquin Phoenix), um alcoólatra que prepara sua mistura das mais estranhas para beber, volta da guerra e tenta se ajustar. Freddie é inquieto e explosivo e termina por cruzar o caminho de Dodd, de quem se torna aprendiz. A relação que se estabelece entre os dois e a esposa de Dodd, Peggy (Amy Adams), é pura dinamite. Cego em seu fervor, Freddie permite que o ator Joaquin Phoenix componha uma das mais impressionantes interpretações de sua carreira. Hoffman e Adams, também impecáveis, são seus coadjuvantes de luxo. Além do fator “atuação”, existe um outro elemento fortíssimo em O Mestre: a intrusiva e fantástica trilha sonora composta por Jonny Greenwood, guitarrista da banda Radiohead. O desenho de som do filme é dos mais criativos. Muito se falou quando do lançamento que o diretor teria a origem da Cientologia como inspiração. Pode até ser. Mas, O Mestre vai muito mais longe. Trata-se de um filme de personagens bem compostos pelo roteiro, pela visão do cineasta e, principalmente, pelo desempenho do trio principal de atores. Os três receberam indicação nas categorias de atuação do Oscar de 2012. O Mestre não é nada fácil. Muito pelo contrário. É um filme que nos incomoda, provoca, irrita e encanta. Pode-se até não gostar dele, mas, não tem como ficar indiferente. E isso, é muito bom.