Os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne começaram a carreira dirigindo documentários e migraram, no final dos anos 1980, para a ficção. Não que existam grandes diferenças entre filmes documentais e ficcionais. A linha que os separa é muito tênue. O curioso é a mistura que os Dardenne conseguem estabelecer em seus trabalhos. Seus filmes parecem ficções documentadas e/ou documentários ficcionados. Em O Garoto da Bicicleta, a partir de um roteiro original escrito por eles, acompanhamos a história de Cyril (Thomas Doret), um menino de 12 anos que tem um único objetivo: encontrar seu pai. Ele foi deixado em um orfanato e termina conhecendo Samantha (Cécile De France), dona de um salão de beleza que fica com ele nos finais de semana. A raiva que Cyril sente não permite que ele enxergue o amor que Samantha sente por ele. Há quem diga que os Dardenne filmam sempre a mesma história. Pode até ser. Mas, e daí? Não vejo problema algum nisso, desde que haja sinceridade e isso, os filmes deles têm de sobra. O Garoto da Bicicleta nos propõe uma abordagem diferente e inusitada para um problema social grave e o faz com delicadeza. Aliando belas imagens com um conteúdo forte, os Dardenne nos conduzem por uma trilha cheia de surpresas e encantos que são difíceis de encontrar em filme. E isso não é pouco.
O GAROTO DA BICICLETA (Le Gamin au Vélo – Bélgica/França/Itália 2011). Direção: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne. Elenco: Cécile De France, Thomas Doret, Jérémie Rénier, Fabrizio Rongione e Olivier Gourmet. Duração: 87 minutos. Distribuição: Imovision.