O cineasta Michael Cimino subiu ao céu e desceu ao inferno no intervalo de dois anos. A vitória de cinco Oscar por seu segundo filme, O Franco-Atirador, de 1978, o transformou no “queridinho” de Hollywood. Quando lançou seu terceiro filme, O Portal do Paraíso, em 1980, foi acusado de ser o responsável pela falência de um estúdio, a United Artists, e caiu em desgraça. Cimino pertence à mesma geração de Coppola, Scorsese e De Palma, e é tão talentoso quanto eles. O Franco-Atirador foi o primeiro filme americano a tocar na ferida da guerra do Vietnã. Acompanhamos aqui a história de três amigos: Michael (Robert De Niro), Steven (John Savage) e Nick (Christopher Walken). Eles trabalham em uma siderúrgica de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos e são convocados para lutar do outro lado do mundo. A experiência se revela transformadora e traumática para o trio e Cimino, também um dos autores do roteiro, não carrega nas cores patrióticas. Trata-se de um filme que lida com a quebra dos laços de amizade e com a perda da inocência. As personagens são apresentadas em seu ambiente natural e fica claro o forte companheirismo que eles têm. O grupo costuma se reunir nos finais de semana para caçar veados nas montanhas da região, daí o título original, The Deer Hunter. A guerra muda tudo e aquela alegria e esperança iniciais se transformam em desespero e amargura. O ponto mais dramático do filme é quando os soldados, capturados pelo inimigo, são obrigados a “jogar” roleta russa. Duas curiosidades: foi o segundo filme da atriz Meryl Streep (Linda) e o último do ator John Cazale (Stan), que morreu de câncer poucos dias depois das filmagens. O Franco-Atirador foi indicado a nove Oscar em 1979, ganhou em cinco categorias: filme, diretor, ator coadjuvante (Christopher Walken), montagem e som.