O roteirista, produtor e diretor chileno Pablo Larraín vem construindo uma sólida carreira desde que estreou em 2006, com Fuga. Dois anos depois, ele chamou a atenção do mundo com Tony Mareno, que contava a história de um obcecado com a personagem de John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite. Mas foi com No, de 2012, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, que seu nome se consolidou. O Clube, de 2015, foi seu trabalho seguinte. Com roteiro dele próprio, junto com Guillermo Calderón e Daniel Villalobos, a história guarda semelhanças com o premiado Spotlight – Segredos Revelados, de Tom McCarthy. Mas que fique bem claro, apenas semelhanças. A abordagem que Larraín dá aqui à questão do abuso sexual infantil por padres católicos, é bem diferente. Tudo acontece em uma casa situada em uma pequena cidade na costa do Chile. O clube do título faz referência, com uma certa ironia, a um grupo de religiosos, quatro padres e uma freira, que vivem isolados. Naquela aparente normalidade, impera a lei do silêncio. Essa harmonia, digamos assim, é quebrada com a chegada de um novo integrante. Larraín não toma partido. Ele conta sua história e deixa para nós, espectadores, a decisão final. Muitas questões são apresentadas e debatidas em O Clube. Crítica contundente à Igreja Católica, o filme vai além da simples crítica e nos propõe algo bem mais amplo. Isso deixa no final uma sensação de incômodo desconforto. Ponto para o cineasta, que consegue nos tirar da inércia contemplativa.
O CLUBE (El Club – Chile 2015). Direção: Pablo Larraín. Elenco: Alfredo Castro, Roberto Farias, Antonia Zegers, Marcelo Alonso, Alejandro Goic e Catalina Pulido. Duração: 98 minutos. Distribuição: Imovision.