O cineasta italiano Bernardo Bertolucci tem, na maioria de seus filmes, uma postura antiburguesa. Desde sua primeira grande obra, O Conformista, de 1970. É correto afirmar que essa visão de mundo do diretor é recorrente e funciona como fio condutor de sua filmografia. Depois do sucesso de público, crítica e dos nove prêmios Oscar obtidos com O Último Imperador, de 1987, Bertolucci tinha carta branca que dirigir o que quisesse. Ele resolveu adaptar, junto com Mark Peploe, o livro escrito por Paul Bowles, O Céu Que Nos Protege. A história se passa nos anos 1920. Port (John Malkovich) e Kit (Debra Winger), americanos e ricos, viajam com um amigo, George (Campbell Scott), para a África. A intenção do casal é reacender a chama perdida e essa aventura parece ser a solução para os problemas que eles enfrentam. Lá, sob o forte sol do deserto do Saara, eles serão confrontados com eles mesmos. Bertolucci, auxiliado pelo excepcional diretor de fotografia Vittorio Storaro, nos apresenta um deserto de pura e brutal beleza, fazendo uso de cores quentes impactantes. O Céu Que Nos Protege é um filme que primeiro nos encanta com sua plasticidade e depois, à medida que a história avança, nos envolve em seu mergulho sem rede de salvamento pelas profundezas da alma humana. Bergman deve ter ficado com um pouco de inveja.
O CÉU QUE NOS PROTEGE (The Sheltering Sky – Inglaterra/Itália 1990). Direção: Bernardo Bertolucci. Elenco: Debra Winger, John Malkovich, Campbell Scott, Jill Bennett, Timothy Spall, Eric Vu-An, Sotigui Koyate e Paul Bowles. Duração: 137 minutos. Distribuição: Warner.
Uma resposta
Gosto imenso deste filme. Dos meus preferidos do Bertolucci. O deserto nos abraça a todos… um espelho onde nos misturamos com as personagens. Algo perigoso e encantador, pois não sabemos exatamente aonde isso nos leva. Imperdível!