O cineasta David Fincher e o roteirista Andrew Kevin Walker trabalharam juntos pela primeira vez em Seven: Os Sete Crimes Capitais, de 1995. Quase 30 anos depois, os dois se juntam novamente neste O Assassino, de 2023, dirigido por Fincher a partir de um roteiro de Walker, adaptado de Le Tueur, uma série de histórias em quadrinhos francesa escrita por Alexis (Matz) Nolent e desenhada por Luc Jacamon. A trama gira em torno de um matador profissional implacável vivido por Michael Fassbender. Ele é impiedosamente metódico e preciso em seu trabalho, até o dia em que comete um erro. A partir daí, sua rotina sofre uma drástica mudança. Fincher tinha esse projeto em mente desde 2005 e o colocou em produção após conhecer Fassbender, que assumiu o papel-título. Segundo longa que o diretor faz em parceria com a Netflix (o primeiro foi Mank, de 2020), O Assassino pode ser classificado como um neo-noir turbinado com muita ação e suspense. Fincher abre o filme sem diálogo algum. Apenas a narração em off do protagonista. Essa sequência inicial tem múltiplas finalidades: apresentação, construção e motivação da personagem que nos conduzirá a partir dali. E isso inclui também a revelação de seu peculiar gosto musical. Fassbender tem o que chamamos de physique du rôle, ou seja, nasceu para esse papel. Em resumo: como é bom assistir a um filme de um cineasta que tem pleno domínio técnico e narrativo. Isso deveria ser a regra da indústria hollywoodiana. Mas, infelizmente, tem se mostrado a exceção.
O ASSASINO (The Killer – EUA 2023). Direção: David Fincher. Elenco: Michael Fassbender, Tilda Swinton, Charles Parnell, Arliss Howard, Kerry O’Malley, Sophie Charlotte, Emiliano Pernía e Gabriel Polanco. Duração: 118 minutos. Distribuição: O2 Play/Netflix.
