Sabe aquele tipo de filme que não tem como sair errado? Núpcias de Escândalo pertence a esta categoria. Tudo começou no teatro, onde a peça escrita por Philip Barry obteve grande sucesso com Katharine Hepburn no papel principal. A atriz comprou os direitos da peça e contratou o roteirista Donald Ogden Stewart para adaptá-la para o cinema. Seu poder era tanto que ela recusou várias propostas de estúdios que queriam produzir o filme. Terminou optando pela Metro e escolheu o diretor, George Cukor, e a dupla de atores James Stewart e Cary Grant, além, é claro, de reprisar na telona o mesmo papel que havia feito no teatro. Prestes a se casar pela segunda vez, Tracy Lord (Hepburn) enfrenta alguns imprevistos causados pela visita de seu ex-marido, C. K. Dexter Haven (Grant) e do repórter Macaulay Connor (Stewart). Tudo isso gera uma grande transformação em Tracy e, definitivamente, nada mais será como antes. Núpcias de Escândalo pertence a um período que não existe mais. Uma época em que Hollywood sabia produzir comédias sofisticadas e inteligentes. O filme de Cukor tem todos aqueles elementos que fazem um filme funcionar: um roteiro impecável, um elenco primoroso, uma montagem ágil, uma direção precisa. Muitas outras qualidades podem ser percebidas. Citei apenas quatro delas que já garantem o espetáculo. O filme recebeu seis indicações ao Oscar. Ganhou duas: melhor roteiro e melhor ator, para James Stewart. Uma curiosidade: esta mesma história foi refilmada 16 anos depois com o título de Alta Sociedade e com o trio Grace Kelly, Bing Crosby e Frank Sinatra nos papéis principais.

NÚPCIAS DE ESCÂNDALO (The Philadelphia Story – EUA 1940). Direção: George Cukor. Elenco: Cary Grant, Katharine Hepburn, James Stewart, Ruth Hussey, John Howard, Roland Young, Mary Nash e Henry Daniell. Duração: 112 minutos. Distribuição:  Warner.