A cineasta americana Kimberly Peirce começou a carreira no cinema dirigindo curtas-metragens. Em 1999 ela realiza seu primeiro longa, Meninos Não Choram, e chamou a atenção de todo o mundo. O roteiro, escrito por ela junto com Andy Bienen, se baseia na história real de Teena Brandon, uma adolescente que inverte a ordem de seu nome e se transforma em Brandon Teena. Ela foge de casa e se muda para uma pequena cidade do interior do estado de Nebraska. Lá, ela vive como homem e sente, pela primeira vez, a sensação de poder ser quem ela realmente é. Porém, o que parecia ser o paraíso, se transforma por inteiro. Hilary Swank, que já vinha tentando, há quase uma década, encontrar bons papéis na televisão e no cinema, teve em Meninos Não Choram sua grande chance de reconhecimento. Seu trabalho é irretocável, para dizer o mínimo. Trabalho que foi devidamente premiado com o Oscar de melhor atriz naquele ano. A câmara de Peirce também não se deixa levar pelo sensacionalismo que o tema proposto poderia suscitar. O filme é seco e direto, tipo um “soco no estômago”. O drama vivido por Teena/Brandon é palpável, nos envolve e sensibiliza. Para um filme de diretora estreante e que consegue tratar uma questão delicada sem cair em clichês, não há nada mais a dizer.
MENINOS NÃO CHORAM (Boys Don’t Cry – EUA 1999). Direção: Kimberly Peirce. Elenco: Hilary Swank, Chloë Sevigny, Peter Sarsgaard, Brendan Sexton III, Alison Foland, Alicia Goranson, Matt McGrath, Rob Campbell e Jeannetta Arnette. Duração: 118 minutos. Distribuição: Fox.
Uma resposta
EXTRAORDINÁRIO! Dos filmes mais inteligentes, com uma narrativa absolutamente integrada às circunstâncias da protagonista. Difícil pensar em um outro filme com um “soco no estômago” tão certeiro!