O britânico Alex Garland iniciou sua carreira como romancista, em 1996, quando publicou A Praia, adaptado para o cinema quatro anos depois por Danny Boyle. Isso fez com que ele passasse a escrever roteiros até estrear como diretor, em 2014, com Ex-Machina: Instinto Artificial, uma releitura do clássico Frankenstein. Após um intervalo de quatro anos, ele dirige Aniquilação, lançado pela Netflix, e cria, escreve e dirige a minissérie Devs, disponível no Star+. Men: Faces do Medo é seu terceiro filme. Tudo começa quando Harper (Jessie Buckley, fantástica), após sofrer um fortíssimo trauma, decide sair de Londres e ficar um tempo sozinha no interior. Para tanto, ela aluga uma casa isolada ao lado de uma pequena vila. No entanto, estranhos acontecimentos ocorrem. Garland conduz sua narrativa por uma linha tênue entre o drama e o terror, ou melhor, pavor. Fazendo um bom uso dos grandes espaços abertos do campo, onde vemos Harper enfrentando situações que deixam ela e nós, espectadores, em pânico. Em sua essência, Men lida, simbolicamente, com sentimento de culpa. Lida também com o que se chama hoje de “masculinidade tóxica”. Garland explora nas muitas personagens interpretadas pelo ator Rory Kinnear diferentes estereótipos masculinos. Alguém pode até questionar o mérito, para não dizer conhecimento de causa, de um homem discutir questões tão afeitas ao mundo feminino. Mas Garland consegue superar a maior parte dos percalços. À exceção da parte final, que abraça um exagero visual que destoa de todo o resto.
MEN: FACES DO MEDO (Men – Inglaterra 2022). Direção: Alex Garland. Elenco: Jessie Buckley, Rory Kinnear, Paapa Essiedu, Gayle Rankin e Sarah Twomey. Duração: 100 minutos. Distribuição: Paris Filmes.