Imagine um dia acordar e perceber que uma voz de mulher que você nunca ouviu antes narra cada detalhe do seu cotidiano. É isso o que acontece com o auditor da Receita Federal Harold Crick (Will Farrell) em Mais Estranho Que a Ficção. O criativo roteiro de Zach Helm parte de uma premissa inusitada e original. Será que conduzimos o nosso destino? Harold é uma pessoa metódica. Ele acorda todos os dias na mesma hora, escova os dentes sempre com a mesma quantidade de vezes, caminha um número de passos definidos previamente e pega o ônibus no horário certo. A maneira como o diretor Marc Foster ilustra a rotina certinha e repetitiva de Harold é muito interessante e, mais interessante ainda, é a reação da personagem em relação ao “desequilíbrio” que passa a enfrentar. Will Ferrell, ator egresso da TV, onde durante anos participou do programa de humor Saturday Night Live, compõe Harold com precisão, transmitindo toda a complexidade de uma pessoa que julgava ter tudo sob controle e de repente vê que as coisas não são tão simples assim. O filme de Helm e Foster destaca primeiro a rotina programada para depois mostrar claramente que a vida não tem como ser “domada” e que as melhores coisas podem surgir inesperadamente e sem aviso prévio.